
Estou a viver a minha liberdade. Sem julgamentos, principalmente meus. Sem preconceitos, principalmente meus. É incrível como uma viagem te transforma e te dá as ferramentas para descobrires um pouco mais sobre ti (se assim estiveres predisposto). Na tua essência e verdade. Só tens de ter coragem para te lançares na tua re-descoberta, colocando em causa todas as verdades irrefutáveis que um dia quiseste que fossem tuas.
Ando mais desaparecida das redes sociais e site, eu sei. Precisei deste tempo para me conectar comigo e com a minha viagem. A fase da excitação, do querer partilhar tudo com amigos e família acalmou. Fez-me bem. Nunca em momento algum quis colocar pressão na partilha das minhas aventuras, mas a verdade é que isso foi acontecendo através de comentários e mensagens que me iam chegando – “para quando um novo post?”. Desliguei-me dessa pressão e ansiedade e foquei-me novamente naquilo que estava a receber e a processar. Mais que tudo, comecei a viver a minha viagem. Todos os momentos. Todos os segundos. Estar no presente, sem viver presa ao passado, e sem ansiedade pelo futuro.
Neste tempo, consegui relacionar-me mais com as pessoas que se iam cruzando comigo, deixei de contar as horas para ligar aos pais a dizer que estava tudo bem, deixei algumas mensagens a carecer de resposta (que foram tendo desenlace à medida que concentrei a minha energia nesse to do), e não menos importante, comecei a escutar mais a minha intuição, e a não forçar o que quer que fosse que estivesse a alertar-me que estava na hora de fazer algo.
Dei muitas gargalhadas nas últimas semanas. Dei abraços sinceros e cheios de força a pessoas que nunca esperei conhecer. Dei-me tempo de perceber que estou na Nova Zelândia, um país que me escolheu (e não o oposto). Começo a perceber o porquê, e é mágico saber que o Universo sabe o que faz. Quando assim entende ser altura de revelar mais qualquer coisa.
Não vou prometer regularidade de publicação ou submeter-me a rotinas. Vou, antes, continuar a sorrir para o sol sem contagem de tempo, vou permitir-me ter dias relaxados, sem fazer grande coisa (e sem peso de culpa por isso), vou continuar a ter os meus dias super ativos em que não paro um minuto porque estou sedenta de conhecimento. Ávida de explorar o desconhecido e de me submeter ao inesperado. Em bom português: fazer o que bem me apetece e me dá na real gana.
Agradeço todos os dias por ter seguido este bom feeling de largar tudo o que me bloqueava, onde o espaço para ser quem sou e viver a minha liberdade estava limitado a uma vida rotineira, sem aventura ou excitação. Pior, encontrava-me à deriva de uma maré de baía, onde adiava um mergulho dentro de mim, no seu mais profundo estágio, porque não podia perder tempo nesta navegação. Através da prática da meditação ia tendo uns vislumbres de encontros de alma, fugazes confesso. O tempo contado para o fazer não permitia que penetrasse mais profundamente, à procura da minha verdade. Não conseguia ligar todos os pontos desta ursa maior.
Agora, estou de bem comigo. Começo a curar, finalmente, os últimos anos de estagnação de vida e do “vai-se andado” que não desanda dali. Não vim para este lado do mundo à procura da felicidade, mas sem querer encontrei um bem-estar sem precedentes. Aceitando que não há regras para sermos felizes, e de que nunca serei 24 horas dos meus dias feliz. Percebi que a felicidade é um estado de espírito temporário. Importante, mas temporário. O que realmente te eleva é a tua capacidade de realização ao seres tu, todos os dias. E aceita. Ou aprende a aceitar quem és, porque é uma jornada que pode levar o seu tempo até terminar (e se terminar).
Veste a tua pele, sem capas ou imitações manhosas com base em idealizações que viste nos outros. Vive o simples e encontra quem és, é a minha recomendação para uma vida mais tranquila e em paz contigo e com os outros. E (só para deixar claro e evitar o paradoxo) isto não é uma regra para encontrares a felicidade, é a conexão mais pura que podes ter com a tua verdade e que te levará a um sublime encontro contigo, que culmina no teu bem-estar.
Agora, dou por mim a sorrir com coração e alma. A agradecer tudo o que de bom e de mau chegou até mim. Ainda bem que chegou e vai continuar a chegar imprevisivelmente. Como uma viagem de longo termo nos questiona e nos dá respostas! Como uma viagem nos mostra que a força da aparência não é mais forte que a tua vontade de conhecimento pessoal. Como uma viagem nos consegue dar tanto de nós, mas também de mundo! E que mundo este. E se me permitem, que país este!
Sem vergonha, grito na praia e no topo do trekking “Oooo! I am here!”. É como um grito para a vida de como eu, sim, eu, estou ali. Naquele exato minuto e segundo a viver. E como tive coragem de ir em busca de mim. E como tive coragem de ir à procura da minha zona de (des)conforto.
Sem vergonha, exponho as minhas fragilidades aos outros. Porque não temos de ser sempre fortes. Porque não temos de ser perfeitos. Porque não somos os únicos a passar por vulnerabilidades. Porque somos reais. E porque estamos numa constante jornada de aceitação e de superação a tudo o que nos desafia. Depois, serás sempre uma pessoa melhor, com maior bagagem e sem preconceito, principalmente teu, em seres tu, em qualquer lugar do mundo, sem encarnares várias personagens.
Caramba, como uma viagem nos transforma.
É tudo. Por hoje. Voltarei sempre que possível. Obrigada por acompanhares as minhas palavras.