2018 sem pisar o pé lá fora. Mas é por uma boa causa.
Depois de um ano 2017 cheio de viagens, descobertas e curiosidade sobre o mundo, 2018 obrigou-me a abrandar e a repensar o por quê de querer estar sempre a viajar. Fazemos tudo sempre em robô automático, que acabamos por nem refletir nas decisões espontâneas que o nosso cérebro toma.
O espírito que vestimos quando colocamos a bagagem na mão dita tudo o que depois disto se desenrola. A discussão com os meus botões colocou-se no patamar em que me perguntava se eu viajava para fugir de situações, ou se eu queria conhecer mais do mundo para refrescar a alma, ou, até, para sentir que estava a aproveitar a vida. Afinal, viajar agora está na moda e quem não o faz, não aproveita a vida. Not, nem tudo o que parece é.
Acabei por perceber que andava a fugir de situações da vida. Queria fazer coisas, sim, coisas, queria riscar mais um país do meu scratch map, só para ter um mapa mais cheio e colorido e fazer-me sentir bem com isso, queria sentir que estava a ser uma cidadã do mundo, seja lá o que isso for. No fundo, apercebi-me que queria fazer-me acreditar que viajar é o que nos torna vivos. E, bem, em parte é. Mas é muito mais que isso. Não é por irmos para um país diferente durante 2 ou 3 dias que vamos esquecer os problemas que ficam em terras lusas, ou que só por irmos, mesmo com o mindset trocado, vamos sair de lá novos e com outro espírito. Infelizmente não funciona assim.
Foi nesta luta interna de tentar encontrar respostas que me lembrei desta fotografia, tirada na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro – na viagem mais importante que fiz até hoje.
Para viajar basta existir. (Fernando Pessoa)
Nesta viagem eu tinha um objetivo concreto: fazer voluntariado internacional para pessoas que precisem da minha atenção e carinho. Podia ser um paradoxo naquela altura esta viagem e este cartão, mas hoje eu entendo que todas as fichas se conectam. O nosso estado de espírito, o estar de bem com a vida, e o nosso interior ditam o modo como tomamos decisões. Só precisamos de pensar mais um pouco, antes de darmos qualquer passo precipitado de fuga.
Agora, estou com o botão de “pausa” ligado. Fechar tudo aquilo que ainda está em aberto, e só depois retomar o que tanto me faz sentir viva. Com o mindset certo.